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Brasil, Biotech e a Arte de Pensar Grande: como sair do "modo piloto" e ocupar o tabuleiro global

Em um país onde a criatividade muitas vezes é celebrada mais como improviso do que como estratégia, falar de biotecnologia com ambição global ainda soa como um luxo raro. Mas não deveria. A biotecnologia – em sua intersecção com a saúde, a ciência e a economia – não é apenas um setor promissor: é um eixo de soberania, inovação e futuro. O problema? Estamos, na maioria das vezes, operando em modo piloto.


Este artigo é um convite a pensar grande. E mais: a pensar de forma conectada com o mundo. É possível desenvolver startups brasileiras em biotecnologia com ambição global? Como escapar da armadilha da subescala, da dependência crônica de fomento e da desconexão com os fluxos internacionais de inovação?


A resposta, como veremos, passa pela qualidade da articulação entre startups, corporações biofarmacêuticas e um ecossistema que saiba jogar o jogo inteiro, e não apenas a primeira rodada.


A promissora mas inacabada arquitetura das biotech brasileiras

O Brasil tem ativos valiosos. Forma bons cientistas, tem uma base industrial crescente, centros de pesquisa de referência e um dos maiores sistemas de saúde do mundo. Segundo o relatório "Deep Techs Brasil", da Emerge, mais de 40% das deep techs brasileiras atuam em saúde e biotecnologia. Esse dado confirma o potencial. Mas também revela um paradoxo: mesmo com ciência e tecnologia pulsantes, a taxa de translação para o mercado é baixa.


Poucas startups atingem maturidade regulatória ou constroem um roadmap de internacionalização. Há um abismo entre a bancada e o mercado, entre o protótipo e a validação, entre o paper e o pitch. E mais: há uma dificuldade estrutural em pensar negócios em escala global desde a origem.


Isso se reflete também na falta de estratégias de proteção intelectual robustas, na pouca familiaridade com pathways regulatórios estrangeiros (FDA, EMA) e na escassez de early adopters institucionais. Estamos, muitas vezes, "refinando soluções" para um mercado que ainda não existe. O desafio? Alinhar capacidade científica a uma lógica de negócio global e sustentável.


O jogo da biotecnologia é internacional. E exige alianças sérias.

Ao contrário das techs tradicionais, a biotecnologia não permite atalhos. Uma startup de biotecnologia nasce exigindo tempo, regulação e rigor técnico. Mas também exige conexões reais. Conexões com quem compra, regula, valida e escala. E isso se conquista com alianças de longo prazo.


No Brasil, poucas startups têm acesso a corporações dispostas a co-desenvolver. E poucas corporações estruturam processos reais de inovação aberta com biotech. O modelo de inovação vigente ainda é excessivamente verticalizado, com baixa tolerância ao risco tecnológico e foco em soluções prontas. Isso exclui a maioria das startups deeptechs.


O que falta, portanto, é um ambiente intermediário. Um espaço onde corporações possam se aproximar das startups sem a expectativa imediata de ROI, mas com uma agenda clara de aprendizado mútuo, codesenvolvimento e posicionamento estratégico.


Países como Suíça, Bélgica e Israel têm estruturas sofisticadas de incentivo à colaboração startup-indústria — muitas delas ancoradas por fundos mistos, laboratórios compartilhados e programas de validação tecnológica. É urgente que criemos mecanismos equivalentes por aqui.


Internacionalização: o Brasil ainda pensa pequeno demais

Internacionalizar não é um prêmio para quem deu certo. É um pré-requisito para competir no setor mais globalizado da economia. A biotecnologia opera com ciclos longos, exigências regulatórias convergentes e cadeias de valor interdependentes. Pensar global não é opção — é estrutura.


Mas como fazer isso em um país que ainda carece de instrumentos para soft landing, acesso a hubs de inovação e preparo regulatório internacional?


A resposta passa por três pilares:

  • Mentalidade: Startups precisam ser formadas com uma visão internacional desde o início. A pergunta "qual país você quer impactar?" precisa entrar no canvas.


  • Intermediação estratégica: Parcerias com instituições conectoras, que operam como ponte entre conhecimento técnico, agenda regulatória e conexões com o mercado global, são fundamentais.


  • Apoio institucional alinhado: APEX, FINEP, Embaixadas, BNDES e universidades precisam agir de forma coordenada. Programas de internacionalização não podem ser genéricos — devem ser pensados para as particularidades das biotech e healthtechs.


O papel do IBIS: sofisticar o jogo e construir ecossistema

A ponte entre startups e mercado exige mediação qualificada. O IBIS foi criado para isso: conectar startups de base científica a quem pode amplificar seu valor. Fazemos isso com inteligência de mercado, diagnóstico estratégico, formação, e abertura de agendas com os atores certos no Brasil e fora dele.


Somos uma empresa privada, mas com mentalidade de articulação pública. Entendemos os códigos da ciência e os códigos do capital. Operamos com uma escuta ativa das dores reais do mercado e das aspirações legítimas dos inovadores.


Nosso convite, neste momento, é claro: o futuro da saúde exige pensamento grande, alianças sérias e capacidade de execução. O IBIS está pronto para ser esse lugar de convergência.


Mais do que falar de inovação, estamos construindo os instrumentos para que ela floresça.


Quem vem conosco?


Marcio de Paula - Fundador do IBIS


por Marcio de Paula

Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde - IBIS

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