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Para além das fronteiras: estratégias de internacionalização para startups em saúde

Nos últimos anos, tenho tido o privilégio de acompanhar de perto o nascimento e amadurecimento de dezenas de startups em saúde, dentro e fora do Brasil. Como fundador do IBIS, vejo diariamente o quanto empreendedores em deeptechs e biotechs estão movidos por um senso de urgência e propósito — criar soluções que realmente transformem vidas. Mas há um ponto em comum entre quase todos eles: em algum momento, surge a pergunta inevitável — como internacionalizar minha startup?


Essa não é uma questão apenas de ambição, mas de estratégia. A complexidade das tecnologias que estão sendo desenvolvidas por startups em saúde exige mercados com maior capacidade de absorção, regulação mais previsível e possibilidades reais de escalabilidade. Em outras palavras: inovar em saúde, hoje, é pensar desde o início em soluções com vocação global.


O mundo está mudando — e com ele, o mapa da internacionalização

Durante muito tempo, o destino natural de startups brasileiras que queriam ganhar o mundo era claro: Estados Unidos. Com seu mercado robusto, abundância de capital e presença de centros de excelência em saúde, os EUA seguem sendo uma referência.


Mas o cenário global vem mudando. A instabilidade geopolítica, tensões comerciais, políticas protecionistas e a crescente competição por espaços regulatórios e de mercado exigem novas leituras. A recente retomada de tarifas comerciais na nova gestão do presidente Donald Trump pode ser vista como mais um capítulo de um mundo em reconfiguração.


Em paralelo, polos como o Sudeste Asiático, Europa Central, Oriente Médio e mesmo outros países da América Latina têm se mostrado cada vez mais abertos à inovação em saúde, oferecendo oportunidades estratégicas para startups que buscam expandir com inteligência e cautela.


A internacionalização para startups em saúde, nesse contexto, não é apenas uma busca por escala — é também uma estratégia de mitigação de riscos. Diversificar presença, clientes e parceiros ajuda a proteger a empresa de volatilidades econômicas ou políticas locais.


Internacionalizar é mais do que exportar

Para uma startup deeptech ou biotech, internacionalizar vai muito além de encontrar um distribuidor ou abrir um CNPJ no exterior. Envolve traduzir sua inovação para um novo sistema de saúde, com seus próprios fluxos, valores, regulações e expectativas.


Um algoritmo de apoio ao diagnóstico, por exemplo, pode ter desempenho técnico excepcional. Mas será preciso validá-lo clinicamente, garantir conformidade com padrões locais de proteção de dados, adaptar o modelo de negócios e, talvez, até repensar a jornada do usuário.


Esse movimento exige preparo — e começa bem antes da primeira viagem internacional. Requer estruturação jurídica, propriedade intelectual consolidada, parcerias acadêmicas e comerciais, mapeamento de stakeholders e, sobretudo, narrativas sólidas que conectem a solução proposta a problemas reais nos mercados-alvo.


O caso da Sofya AI: IA brasileira com vocação global

Um exemplo promissor é a healthtech brasileira Sofya AI, nascida no ecossistema do Hospital Sírio-Libanês. Utilizando inteligência artificial, a startup desenvolveu uma solução que apoia o raciocínio clínico de profissionais de saúde, otimizando tempo e precisão em atendimentos.


Em um mundo em que há escassez de médicos e pressão por eficiência nos sistemas de saúde, soluções como a da Sofya têm um apelo que transcende fronteiras. Elas são especialmente relevantes para mercados que buscam aumentar o acesso à saúde com uso intensivo de tecnologia, como países do Oriente Médio, Ásia e América Latina. A empresa, inclusive, já iniciou sua expansão internacional com operações em Miami, nos Estados Unidos.


O desafio, como em muitas outras startups brasileiras, será garantir que a solução não fique restrita ao reconhecimento local — ou seja barrada pelas dificuldades de acesso a capital, certificações ou canais internacionais. A Sofya é exemplo do tipo de inovação que precisa ser impulsionada para o mundo, não apenas admirada no Brasil.


O que líderes de startups em saúde precisam considerar

Para fundadores que estão refletindo sobre internacionalização, algumas questões estratégicas precisam ser consideradas desde cedo:

  • O produto é regulável em outros mercados?

  • Minha tecnologia resolve problemas relevantes fora do Brasil?

  • Já comecei a mapear potenciais parceiros, aceleradoras ou clientes internacionais?

  • Minha estrutura societária, de PI e compliance está preparada para atuar globalmente?


Não se trata de expandir por vaidade, mas de reconhecer que muitas vezes o impacto real de uma inovação só será percebido se ela conseguir encontrar mercados abertos à sua adoção.


Governos, investidores e agências de fomento também têm papel central nesse processo. Iniciativas como a do BNDES, Finep e Instituto Butantan, ao estruturar fundos voltados à inovação em saúde, mostram que há um movimento crescente de valorização desse setor. O próximo passo será conectar esses esforços locais a janelas globais.


FORBISS: um convite à celebração da internacionalização para startups em saúde

É exatamente com esse espírito que nasce o Fórum Brasileiro de Internacionalização de Startups em Saúde – FORBISS. Criado para apoiar e conectar startups brasileiras de healthtechs, biotechs e deeptechs, o FORBISS será um espaço de articulação, visibilidade e projeção internacional.


Mais do que um evento, o FORBISS será uma festa da internacionalização e da inovação em saúde — reunindo líderes, fundadores e atores estratégicos do ecossistema para refletir, se conectar e agir.


Se você lidera uma startup em saúde e quer pensar além das fronteiras, junte-se a nós.🔗 www.forbiss.com


Marcio de Paula, Fundador do Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde


por Marcio de Paula

Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde - IBIS

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